Em 2008 nossa cidade viveu um momento cultural nunca antes vivido, falo não somente do grande encontro do Movimento Popular Escambo Livre de Rua ocorrido em abril, mas falo também das atividades culturais desenvolvidas pela Cia. Arte & Riso, Capoeira Nacional e ainda do ressurgimento do grupo de teatro Umaricatu.Penso que fizemos muito. Lembro que todas as nossas empreitadas foram desenvolvidas com muita vontade, luta, briga, coragem e com pouco ou nenhum recurso.
Dessa maneira coloco aqui a necessidade que temos de discutir o que os artistas e agentes culturais têm feito pela cidade e o que a cidade tem feito pelos artistas.De janeiro a abril passamos por momentos péssimos, basta lembrar as enchentes, o açudes arrombados, as pontes caídas etc. e foi nesse momento que o nosso trabalho artístico-cultural ganhou um grande sentido e uma grande motivação, nós acreditamos na Arte como meio de transformação e de inclusão social, como o aliado mais importante da Educação e foi com essa concepção que trabalhamos, que fizemos nossas atividades, espalhamos nossa arte, nossa alegria e nossa mensagem de respeito e de cidadania por todo o município. Fomos aos sítios e assentamento, fomos às periferias e ao centro da cidade, vimos no olhar do povo o desejo de saber o que estava acontecendo ali: o que é o teatro de rua? O que é malabares? O que é poesia? O que é capoeira? O que é calunga? O que é coco de roda? O que é dança tradicional, folclórica e contemporânea? O que é arte circense? A resposta é simples: tudo isso é o direito do povo! E muito se engana que pensa que o povo não quer saber disso. O povo se interessa pela cultura popular porque ele faz parte dessa cultura.
O poder público de um modo geral se orgulha muito das grandes festas que promove para o povo, como aquelas que aconteceram no começo de julho, logo após a cidade ter saído de um lastimável estado de calamidade pública. Essas festas, sem dúvidas, trouxeram alegria e diversão para o povo, mas o que ela deixou na cidade? Fora um pequeno movimento na economia informal - coisa muito pouca - , deixou um saldo de embriaguez, de uso de drogas, dívidas no comércio em geral, brigas, tiros para o ar, uma montanha de lixo dentro da quadra de esportes e nas ruas, o desejo em nossa juventude de entrar para esse mundo de farras e bebidas, o desinteresse pela vida e a expectativa na próxima "festa de graça", isso tudo sem falar nos contratos de milhares de reais pagos aos grandes artistas do forró que nos deixaram a "belíssima" mensagem de culto às aparências, uso do álcool, prostituição e futilidades de todas as naturezas possíveis e imagináveis.
Não posso deixar de questionar aqui e aonde quer que eu vá o uso dos recursos públicos. Lembro que em 2007 a Cia. Arte e Riso e o Movimento Escambo realizou o projeto Arte pra Rua, na ocasião dispúnhamos de menos de mil reais, no entanto, fizemos um evento com mais de 50 artistas do Rio Grande do Norte e do Ceará, foram ministradas durante dois dias vivências de Teatro, Palhaço, Malabares, Perna de Pau, Dança e Poesia, sem contar o maravilhoso Cortejo Cultural no bairro São José e o mais maravilhoso ainda Sarau Poético no Bosque.Dessa forma peço ao cidadão umarizalense que pense nessas questões e que reflita sobre o que quer para sua cidade e para a sua vida, o que quer para o seu filho, para a sua comunidade. Os artistas de Umarizal são parte do povo, somos populares, somos de rua.
Vale a pena lembrar que em todos esses anos de história de emancipação política Umarizal nunca teve uma administração que tivesse políticas públicas elaboradas e voltadas para o desenvolvimento artístico e cultural da cidade, assim os artistas nunca são contemplados com projetos e a população fica sem saber o que é ter acesso aos bens culturais. Espero sinceramente que o prefeito que será eleito nas próximas eleições, bem como os vereadores que comporão a nossa câmara, percebam que os tempos são outros, que os artistas populares estão organizados, sabem o que já fizeram, sabem o que querem e como querem. Queremos políticas públicas que dêem condições de atuação para os agentes culturais, queremos nosso espaço garantido junto à administração, queremos também decidir o que nos diz respeito e queremos que o poder público entenda que na luta em defesa da cultura, da educação e da arte popular ou se está a favor ou se está contra.
Joelson de Souto, educador, poeta, artista de rua e cidadão questionador que se trava diariamente na luta da arte e da cultura popular.
Um comentário:
grandes filippo e patrícia!!!!! invadi o blog rsrs acho q temos q fazer esta carta circular ao máximo. valeu e aguardo notícias de vc's. postei no do escambo tb.
Postar um comentário